jueves, 12 de abril de 2018

Río de Janeiro

É um grito de denúncia contra os feminicídios e os desaparecimentos de mulheres que ocorrem no Brasil e na América do Sul.


Estreno 7 de marzo
Teatro Maria Clara Machado
De 07 de março a 12 de abril na cidade do Rio de Janeiro

Direçao e atuaçao: Rosite Val
Disenho de luz e cenografia: Adriana Milhomem
Figurino: Carol Bianque
Fotografia: Dadá Ferreira
Produçao: Mirian Arce e André Roman
Realizaçao: Raver Colectivo Teatral
Traduçao: Rosite Val y Mirian Arce
Apresentações:

07 e 08/3 - Teatro Maria Clara Machado (Gávea) | 21h - Mostra MULHERES EM CENA

16,17 e 18/3 - Teatro Ziembinski (Tijuca) | 20h.

23,24,25,30 e 31/3 e 01/4 - Teatro Gonzaguinha (Praça XI/Centro) | sextas e sábados 19h | domingos 18h;

04,05,11 e 12/4 - Parque das Ruínas (Santa Teresa) | quartas e quintas 19h30.


Em cartaz no Rio, peça 'Mujeres de Arena' relata feminicídios históricos da América Latina

Thayná Rodrigues


Doze mulheres são assassinadas a cada dia no Brasil. Segundo a Organização das Nações Unidas, 14 dos 25 países com as taxas mais elevadas de feminicídio estão na América Latina.Não faltam dados para atestar que a violência contra a mulher é um assunto urgente. Motivada por constatações como esta, a artista Rosite Val interpretou um sinal do acaso como a oportunidade de colocar em cena um clamor para a conscientização de seu público. Ao encontrar uma carta com o texto de "Mujeres de arena", do dramaturgo Humberto Robles, a artista caiu no choro e decidiu que levaria para o palco uma peça sobre os feminicídios e os desaparecimentos de mulheres de Chihuahua (México) de 1993 até os dias atuais. A peça tem suas últimas apresentações nesta quarta (11) e nesta quinta-feira (12), no Parque das Ruínas, em Santa Teresa.
— Minha produtora falou que tinha encontrado este texto numa caixa antiga. Ao me lembrar que tinha estes escritos desde 2010, comecei a chorar e a pensar: preciso falar disso neste momento. Foi uma necessidade de denúncia. É um ato manifesto contra todos os feminicídios — frisa a atriz.
Em cartaz desde o início de março, a peça estava sendo exibida no dia da morte da vereadora Marielle Franco, em 14 de março deste ano. Foi mais uma chance de a artista prestar homenagens e mostrar que há muita luta pela frente. No último mês, depois de passar pelos teatros Maria Clara Machado, Ziembinski, Gonzaguinha, Val encerra a temporada no Parque das Ruínas, e vê que sua arte cumpriu algumas missões:
— Se temos uma plateia de 300 pessoas e uma sai dali pensando no que viu, o dia está ganho. Lembro que, nesta temporada, uma senhora se deu conta de que a sobrinha estava vivendo um relacionamento abusivo. A moça tinha sido queimada no peito, com um cigarro, pelo namorado. Em outra ocasião, uma pessoa da plateia identificou que o filho estava tendo atitudes machistas, e decidiu que ia orientá-lo... Estes relatos que podem mudar vidas me deixam com o coração agradecido.
O roteiro também tem impulsionado a artista a se integrar com coletivos feministas. Segundo ela, há intenção de promover mostras seguidas de debates sobre a violência contra a mulher:
— Estamos em contato com o pessoal da Artemis (ONG e Centro Cultural), da Criola (de defesa e promoção dos direitos das mulheres negras), mas está tudo muito no começo. Quando falamos de violência contra a mulher, muitos acham que é um assunto distante. Mas, infelizmente, qualquer uma de nós pode ser a próxima. Precisamos nos mover contra isso e para que fiquemos atentas.
'Mujeres de Arena': Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas: Rua Murtinho Nobre 169, Santa Teresa. Qua e qui, às 19h30. R$ 30/Meia: R$ 15.