"Mujeres de Arena" é um espetáculo solo escrito a partir de testemunhos de mulheres de Ciudad Juárez, Chihuahua, México, com dramaturgia de Humberto Robles. O texto é um grito de denúncia contra os feminicídios e os desaparecimentos de mulheres jovens e meninas pequenas que ocorrem nesta cidade fronteiriça, desde 1993, até os dias atuais. A nossa montagem pretende denunciar e colocar luz nos feminicídios e desaparecimentos em números estrondosos que acontecem também no nosso país e em seis países sulamericanos, todos fronteiriços com o Brasil: Argentina, Bolívia, Colômbia, Guyana, Suriname e Venezuela. No nosso país 5.664 mulheres são assassinadas por ano, 472 por mês, uma mulher assassinada a cada uma hora e meia. Através da dramaturgia construída com as histórias das mulheres de Ciudad Juárez, estaremos também contando as histórias de todas as mulheres que sofrem violência. O que une as de Ciudad Juárez, as do Brasil e as dos outros países é justamente a dor, a angústia, o sofrimento, o medo, a indignação e o grito calado à força. São terrivelmente assustadores os números estatísticos e eles não cessam, pois nenhum Governo faz nada para contê-los. No momento em que o nosso país passa por tantos retrocessos e censuras; em que pessoas desaparecem nos países "hermanos"; em que todas as manifestações por direitos legítimos são brutalmente reprimidas, acreditamos que o espetáculo "Mujeres de Arena" é um clamor pela liberdade e pela justiça por todas as mulheres assassinadas e/ou desaparecidas e pelo direito de suas famílias saberem a verdade, nesses tempos sombrios.
A montagem proposta pelo RAVER Coletivo Teatral conta com atuação e direção de Rosite Val, atriz e diretora brasileira, com mais de 20 anos de trajetória artística, mestranda em "Arts de la Scène" na Universidade Paris VIII, na França, e estagiária/pesquisadora (entre 2013 e 2016) na renomada companhia francesa Théâtre du Soleil, sob a direção de Ariane Mnouchkine, em Paris.
